domingo, 13 de maio de 2012

Fernando Pessoa e os poemas ocultistas


Já que publiquei aqui no blog um poema ocultista de Fernando Pessoa, acho que nada mais justo de postar aqui uma pequena pesquisa que fiz a respeito sobre esse assunto.

Fernando Pessoa, escritor e poeta português, nascido em Lisboa- Portugal - em 1888 e morreu em 1935.
Durante sua vida, Fernando Pessoa trabalhou em vários lugares como correspondente de língua inglesa e francesa. Foi também empresário, editor, crítico literário, jornalista, comentador político, tradutor, inventor, astrólogo e publicitário, e ao mesmo tempo produzia suas obras em verso e prosa. 
Fernando Pessoa é conhecido por seus heterônimos e como ele conseguia manipular diferentes personalidades para cada um deles.
Os principais heterônimos de Fernando Pessoa são:
· Alberto Caeiro, nascido em Lisboa, e era o mais objetivo dos heterônimos. Buscava o objetivismo absoluto, eliminando todos os vestígios da subjetividade. É o poeta que busca "as sensações das coisas tais como são". Opõe-se radicalmente ao intelectualismo, à abstração, à especulação metafísica e ao misticismo. É o menos "culto" dos heterônimos, o que menos conhece a Gramática e a Literatura.

· Ricardo Reis, nascido no Porto, representa a vertente clássica ou neoclássica da criação de Fernando Pessoa. Sua linguagem é contida, disciplinada. Seus versos são, geralmente, curtos. Apoia-se na mitologia greco-romana; é adepto do estoicismo e do epicurismo (saúde do corpo e da mente, equilíbrio, harmonia) para que se possa aproveitar a vida, porque a morte está à espreita.

· Álvaro de Campos, nascido no Porto, é o lado "moderno" de Fernando Pessoa, caracterizado por uma vontade de conquista, por um amor à civilização e ao progresso. Campos era um engenheiro inativo, inadaptado, com consciência crítica.

Fernando Pessoa também é conhecido – um pouco menos é claro – por seus estudos sobre ocultismo e religião antiga.
Em um famoso artigo publicado no Diário de Lisboa em 4 de fevereiro de 1935, Fernando Pessoa deixa claro sua posição contrária a um projeto de lei que proibia a existência de associações secretas. Neste artigo, o escritor defende a Maçonaria, inclusive, fornecendo detalhes da constituição da ordem. Detalhes estes que apenas um iniciado na ordem poderia fornecer, porém, por motivos óbvios, ele não se declara um maçom.
Vários poemas do escritor conhecidos como “Poemas Ocultistas” demonstram um pouco da profundidade de seu conhecimento sobre o assunto. Dentre outros, cito como exemplo o poema Iniciação, de maio de 1932.
Outro fato relevante são correspondências escritas por Fernando Pessoa reunidas na obra “Pessoa inédito” de Tereza Rita Lopes (Lisboa, 1993), onde transcrevo um trecho autoexplicativo sobre o artigo publicado do Diário de Lisboa:
Por isso eu disse, legitimamente, que não pertencia a Ordem nenhuma. Não podia legitimamente dizer que não tinha nenhuma iniciação. Antes, para quem pudesse entender, insinuei que a tinha, quando falei de uma preparação especial, cuja natureza não me proponho indicar. Esta frase escapou, e ainda mais o seu sentido possível, aos iledores antimaçonicos. Só posso pois dizer que pertenço à Ordem Templária de Portugal. Posso dizer, e digo, que sou Templário portuguez. Digo-o devidamente autorizado. E dito, fica dito. (…)
Outras fontes indicam uma aproximação não só com a Ordem Templária, como à Rosa-Cruz e à Maçonaria, como em estudos realizados por Rogério Mathias Ribeiro no ano de 2009 (UFF) em sua dissertação de mestrado “Esoterismo e ocultismo em Fernando Pessoa: Caminhos da crítica e de poética”. Tais estudos mostram a missão da poesia ocultista de Fernando Pessoa como ferramenta para inferir seus conhecimentos no mundo profano (o nosso, no caso, aqueles não iniciados em nenhuma Ordem).
            Concluo este post sem poder realmente definir o real grau de ligação entre Fernando Pessoa e Ordens Iniciáticas. Mas posso concluir que este é mais um, de muitos, “buracos de coelho” que tenho a explorar e expor em trabalhos futuros.

Um comentário:

  1. Na Terra existem vales de mar e de terra, o ar simplesmente entranha-se. No universo existem coleções de ideias e formas em perpétua dinâmica, o homem simplesmente entranha-se.

    O meu dia chegará. Engolirei a farsa comunidade e farei de nós espécie, Criadora e Divina. As profecias morrem em mim.

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